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Ameaça comunista



Entrada do arsenal de guerra em Ladário,
denunciado como foco de agitação comunista


Alarmado com a movimentação sindical na zona portuária mais importante de Mato Grosso, o Ministério da Justiça e Negócios Interiores do governo Washington Luiz alerta em 2 de julho de 1930, ao presidente de Mato Grosso, Aníbal de Toledo:

1 – Cumpre-me levar ao conhecimento de V. Ex. que, segundo informações que tenho tido, bastante intensa tem sido a atividade de elementos comunistas em Corumbá e Ladário. 2 – Como é natural o elemento visado por tal propaganda tem sido, de preferência, o pessoal Marinheiro da Flotilha. 3 – Para evitar, porém, qualquer golpe de surpresa determinei uma redobrada vigilância nas unidades da Flotilha e o Arsenal, e tomei outras medidas de caracter militar que me permitam agir com eficiência caso algum fato anormal se venha a produzir. 4 – Tenho estado em constante correspondência com o delegado de Corumbá, de quem solicitei uma especial vigilância sobre elementos indicados como chefes do movimento. Dentre esses penso serem os principais o capitão reformado Q.M. Francisco Lucas Gomes Paulino e o paraguaio Aurélio Fretes. Tenho suspeitas sobre alguns outros elementos, porém, ainda aguardo o resultado de investigações a que mandei proceder. 5 – O capitão tenente Francisco Lucas Gomes Paulino é um sincero entusiasta da causa comunista e um ardente propagandista de suas ideias. Exercendo aqui as funções de pintor será sempre cercado de gente da pior espécie e de estrangeiros, notadamente bolivianos e paraguaios. – Aurélio Fretes, paraguaio, é o presidente da Associação dos Taifeiros, a mais revolucionária das associações de classe de Corumbá. Verificou o delegado de polícia dessa última cidade que aquela associação entrou em acordo com a ‘Associacion Obrera’ de Assunção, para um trabalho em comum pela causa bolchevista. Quanto a esse elemento estrangeiro parece-me que facilmente se poderá aplicar a lei da expulsão.




FONTE: Valmir Batista Correa, Coronéis e bandidos em Mato Grosso, Editora UFMS, 1995, página 130.

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