Tendo
fugido seu filho, também escravo, de Corumbá, provavelmente para a Bolívia, mãe
compra sua liberdade, de acordo com as leis em vigor:
Registro de uma carta de liberdade
Saibam quantos este registro virem, que no ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, de mil oitocentos oitenta e um, aos três dias do mês de novembro, nesta cidade de Corumbá, compareceu a escrava Claudina, reconhecida pela própria de mim, do que dou fé,m e por ela me foi pedido o registro da carta Judicial de liberdade de seu filho Abel, a qual é do seguinte teor: Ao doutor Hermes Plínio Barba Cavalcanti, Juiz Municipal desta cidade e seu termo, na forma da Lei - Faz saber aos que a presente carta de liberdade virem, que tem a escrava, Claudina de propriedade do negociante Thiago José Mongini, apresentado a quantia de duzentos mil reis, como pecúlio de seu filho Abel, pertencente à massa falida de Germano Levandossisk, quantia que se acha depositada com o referido Mongini, e havendo como houve, dar posta dos referidos credores, acordo na liberdade do referido escravo pela quantia de duzentos mil reis, atendendo a achar-se fugido dito escravo, em país estranho; usando da faculdade outorgada no artigo quarto paragrafo segundo da Lei número dois mil e quarenta de um mil oitocentos e setenta e um, concede plena liberdade ao escravo Abel, pertencente à massa falida de Germano Lessandosky; e para conservação e guarda de seus direitos, mandou passar a presente que vai assinada. Dada e passada nesta cidade de Corumbá aos dez dias do mês de outubro de mil oitocentos oitenta e um. Eu, Paulino Soares das Neves, escrivão que escrevi - Hermes Plínio da Barba Cavalcanti. Nada mais se continha na Carta de liberdade cujo registro foi pedido, e ao assiná-lo que entrego a posta, me reporto e dou fé.
FONTE: Fundação Cultural Palmares, "Como se de ventre livre nascido fosse...", Arquivo Público Estadual, Campo Grande, 1994, página 35.
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