Deixa
Buenos Aires em 6 de outubro de 1856, com destino a Corumbá a escuna Leverger,
a primeira embarcação dirigida a Mato Grosso, após a reabertura da navegação do
rio Paraguai pelo governo da República vizinha. As informações são do cônsul
brasileiro na capital Argentina ao Ministério dos Negócios Estrangeiros:
Cumprindo a ordem que V. Exa. transmitiu-me por despacho de 13 do corrente mês, a respeito da comunicação das notícias relativas ao movimento do comércio e navegação brasileiros para a província de Mato Grosso, tenho a satisfação de levar ao conhecimento de V. Exa. que consta aqui haver chegado no porto de Assunção a escuna brasileira Leverger, notícia que foi comunicada ao consignatário dessa embarcação nesta cidade, sem ser acompanhada de nenhuma informação sobre a facilidade ou dificuldade que tenha encontrado a mesma embarcação para continuar a sua navegação.
É, porém, exato ter informado o sobrecarga da dita escuna que até Vila do Pilar (setenta léguas abaixo de Assunção) sempre encontrou toda a benevolência da parte das autoridades da República, mas, também é certo que, tendo o sr. presidente Lopez suspeitado que uma casa comercial desta praça cuja firma é Machain & Irmãos, que são cidadãos paraguaios, tem uma parte no carregamento do Leverger, mandou lavrar um decreto contra o chefe dessa casa comercial declarando-o fora da lei.
Como comuniquei a V. Exa., além da escuna Leverger, se preparavam aqui outras duas embarcações denominadas Diamantina e Pedro II, que deste porto sairão para o de Albuquerque, a primeira no dia 6 e a segunda no dia 27 deste mês.
Estas três expedições comerciais são de uma importância regular, pois que, segundo um cálculo que tenho feito, e dando um desconto à exageração dos preços das faturas apresentadas neste consulado mediante as quais se organizaram os manifestos de carga, julgo que se elevaram a cifra de setenta a oitenta mil pesos fortes, a fora o valor do frete.
É de supor que estas três escunas sejam os navios que tenham de inaugurar a nevegação fluvial para a província de Mato Grosso, e por este motivo eu sinto um verdadeiro prazer pela glória que me cabe de haver sido a primeira autoridade brasileira que despachou navios para aquele destino, glória que me foi proporcionada pelas estipulações do tratado de 6 de abril deste ano, negociado pelos plenipotenciários do Brasil e do Paraguai.
FONTE: Estevão de Mendonça, Datas
Matogrossenses, (2ª edição) Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973página
191
FOTO: Porto
de Corumbá no início do século XX.
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