Procedente de Cuiabá, onde foi nomeado vigário de Corumbá, chega a esta cidade o frei Mariano de Bagnaia. Seu retorno ao Sul do Estado, foi noticiado no Rio de Janeiro:
MATO GROSSO - Comunicam-nos de Corumbá, que àquela vila chegara no dia 23 de fevereiro p.p. o missionário apostólico Frei Mariano de Bagnaia.
O ilustre missionário teve uma recepção estrondosa. Desceu ao porto o batalhão com toda sua oficialidade e música e rodeado de imenso povo a recebê-lo. A alegria e o júbilo enchiam todos os corações e se manifestavam em todos os semblantes pelo feliz regresso do incansável missionário.
Altos juízos de Deus! cinco anos antes, da vila de Miranda, hoje arrazada e deserta, o mesmo missionário escoltado por 25 soldados paraguaios era levado prisioneiro para o Paraguai, onde sofreu um longo e cruel martírio! Cinco anos depois, na vila de Corumbá era Frei Mariano escoltado por 25 músicos de batalhão que o recebiam em triunfo! "...Cum ipso sum in tribulatione...Quoniam in me speravil, liberabo eum (Ps 90)".
O primeiro cuidado de Frei Mariano apenas chegado, foi reconstruir e reconciliar a igreja da vila, que fora arrasada pelos paraguaios, cometendo até dentro dela um assassinato e servindo-se da madeira para fazerem trincheira.
A reconciliação foi feita com toda pompa e solenidade, havendo missa cantada e Te-Deum, cuja música foi dirigida pelo distinto coronel Hermes, comandante daquela fronteira, que muito tem coadjuvado as obras da igreja.
Pregou Frei Mariano e tomou por tema do sermão a história de Neemias, cuja analogia ao caso não podia ser mais perfeita.
FONTE: O Apóstolo (RJ), 15 de maio de 1870.
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